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As Águas de Março e a Mudança Climática em 2024 desafiam a natureza

Autor: Giulia Wogel - Data: 25/03/2024
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O mês de março é conhecido por ter um maior volume médio mensal de chuvas no Norte, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Contudo, a intensificação de fenômenos climáticos pelo aquecimento global altera esse padrão.

Vista aérea da estiagem na região de Catalão (AM). — Foto: Cadu Gomes/VPR


Em 2024, é previsto um clima quente e abafado nesse mês, com chuvas irregulares e um maior aquecimento do Atlântico Sul. O El Niño é um fenômeno meteorológico que eleva as temperaturas do oceano na zona equatorial, causando secas no Norte e Nordeste do país e chuvas excessivas no Sul e sudeste do país. Tal ocorrência é natural, porém tem ficado mais intensa, de modo que seus efeitos começam a enfraquecer agora, mas sua neutralidade só será realmente percebida entre os meses de maio e junho. Outro fenômeno que tem ficado mais forte é a MJO (Oscilação de Madden-Julian), que consiste em uma grande onda de propagação de chuvas tropicais - ora intensificadas, ora reprimidas. Com uma maior quantidade de água sendo evaporada dos oceanos devido ao aumento das temperaturas globais, a incidência de chuva em todo o globo deve aumentar. Em contrapartida, esse aquecimento reduz o volume de chuva em outros locais.

Sendo assim, mesmo em fase de enfraquecimento, o El Niño ainda terá poder para deixar a circulação de ventos menos favorável à chuva. Os registros científicos do fenômeno indicam que a intensidade do impacto tem aumentado desde a década de 1990, de modo que os anos de sua maior intensidade foram 2015-2016, e agora em 2023-2024. Dessa forma, as pancadas de chuva vão ocorrer, porém com uma menor frequência e irregularidade espacial, fugindo do padrão. Por causa dessa característica de chuva irregular, a média elevada do volume de precipitação no mês de março será dificilmente alcançada sem chuvas frequentes em uma mesma região. Isto significa que a chuva forte não cai seguidas vezes em uma mesma região.

A Amazônia

Nossa grande floresta tropical, popularmente conhecida como “Pulmão do Mundo”, surpreendeu a todos no final de 2023, com imagens de rios amazônicos sem água. Um período mais seco já era previsto devido a influência do El Niño. Contudo, sua alta intensidade não era esperada, e refletiu diretamente na não formação de nuvens e de chuvas no território. Por isso, o volume de água de rios amazônicos, como Branco, em Roraima; Tapajós, no Pará; e Solimões, no Amazonas, está abaixo da média para o período, e o esperado é que esse valor se mantenha até uma menor incidência do fenômeno.

Portanto, tal desequilíbrio afeta não só a fauna e flora do bioma, mas todo um ecossistema. Exemplo disso são as comunidades pescadoras, que tinham em março o costume de sair atrás dos cardumes para o próprio sustento. Todavia, a atividade esse ano deve começar somente a partir de abril, visto que o nível de água está abaixo da média.

Secas e Enchentes

Até mesmo no Pará a falta de chuvas é um problema para os moradores. Os ribeirinhos do lugar conhecido como Volta Grande do Xingu se preocupam com o nível do rio abaixo da média. A usina hidrelétrica de Belo Monte localizada na região tem o poder de controlar a quantidade de água que flui da represa e, consequentemente, determinar o nível da parte de baixo do Xingu. Com o pequeno volume de chuvas (cerca de 10% a menos de água em comparação com o mesmo período do ano passado), a hidrelétrica represa água por mais tempo, deixando o resto do rio em uma situação crítica, que impossibilita sobreviver apenas da pesca local.

Já em Rondônia, a seca histórica do rio Madeira ainda afeta drasticamente povos indígenas, impossibilitando o crescimento do plantio por causa da falta de chuvas. A situação em Roraima não está muito diferente, a seca do principal rio do estado, o Rio Branco, atingiu nível recorde em fevereiro, agravando as queimadas na região. Ao contrário desses lugares, o Rio Acre teve sua seca registrada e, novembro de 2023 e passa agora por um transbordamento, deixando cidades alagadas e cidadãos desalojados após o nível do rio aumentar 17 metros. Essa chuva intensa no Acre é a segunda maior registrada e pode ser justificada pela MJO citada anteriormente, que ganhou mais força quando encontrou águas mais quentes que o normal devido ao El Ninõ.

Referências

Extremos de chuva e seca: o que está acontecendo com os rios da Amazônia (uol.com.br)

Clima no Brasil em março de 2024 | Climatempo


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