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Brasil: Berço das águas, rios compõem sua identidade

Autor: Regina Motta - Data: 15/02/2014
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Mar, rios, lagoas. O Brasil tem a maior reserva de água doce do planeta e um dos mais extensos litorais.
As águas de nossos rios ajudam a construir a identidade brasileira. Até mesmo o nosso Hino Nacional tem seu início citando um rio: "Ouviram do Ipiranga as margens plácidas..."


Hidrografia do Brasil

A bacia fluvial brasileira inspirou lendas e artistas, produziu batalhas e religiosidade, é palco para espetáculos naturais e esportes radicais. É parte perene das paisagens das cidades, mesmo daquelas que cobriram seus leitos em busca do progresso.
Quando queremos mencionar os pontos extremos do Brasil, o hábito é dizermos:" Do Oiapoque ao Chuí", referindo-se a dois rios: O Oiapoque no extremo Norte, divide o Brasil da Guiana Francesa e o Chuí, no extremo Sul, separa-nos do Uruguai.


Ponte sobre o Oiapoque - divisa entre Brasil e Guiana Francesa
Foto: www.alcilenecavalcante.com.br


Chui - Rio Grande do Sul divisa com Uruguai
Foto: www.girafamania.com

Rios invisíveis sobrevivem em São Paulo, canalizados sob avenidas e ruas. Embaixo do Anhamgabaú, por exemplo, corre o rio do mesmo nome, atrás da Av. Paulista, nasce o Saracura, que ninguém pode ver, mas está vivo.


Cataratas do Iguaçu Foto:www.arteviagens.com.br

Dividimos com a Argentina a Cataratas do Iguaçu que têm o maior fluxo médio anual do planeta.

Você sabia que foi pelos rios que o interior do Brasil foi colonizado? Os portugueses quando aqui chegaram se fixaram no litoral. Seguir Brasil a dentro era difícil, por causa da mata fechada. O jeito era buscar caminho pelos rios já existentes


Rio Amazonas
Foto: www.voarefacil.com

O mais extenso rio do mundo é o Amazonas, que começa no Peru, passa por um pedaço da Colômbia e corta o Brasil até desaguar no oceano Atlântico.


Foz do São Francisco em Alagoas

Um rio muito importante é o São Francisco. Suas águas cortam quatro estados nordestinos, mas sua nascente é no Sudeste E há tantos outros importantíssimos em todas as regiões: rios Paraná, Tocantins, Tietê, Iguaçu, Araguaia, Negro, e por aí vai.


Iara


Boto (007blog.net)



Representação do Caboclo dágua (G1.globo/minas gerais)

Cada região tem seus hábitos, tem suas lendas baseadas em seus rios. Já ouviu falar na Iara, uma linda e perigosa sereia dos rios amazônicos? O Boto é a versão masculina da Iara e atrai as donzelas para uma noite de paixão. No Rio Paraíba do Sul há o Ururau, um jacaré de papo amarelo que foi um cortador de cana morto por um coronel. O Rio São Francisco tem o Caboclo dágua que assombra os navegantes. Para afastá-lo, as embarcações têm carrancas na proa.


Encontro do Negro e Solimões
Foto:www.oeldoradoeaqui.blogspot.com

Negro e Solimões se encontram mas não se misturam

Um dos maiores espetáculos naturais do Brasil: o encontro das águas dos rios Negro e Solimões. Quando eles emparelham em Manaus, suas águas caminham lado a lado, sem se misturar, por mais de seis quilômetros. Um lado fica mais escuro (o Negro) e o outro mais barrento (o Solimões). O fenômeno acontece pela diferença de temperatura, pela densidade das águas e pela velocidade das correntezas. Para os índios, no entanto, a explicação é outra: os dois rios não se misturam por serem orgulhosos demais.
Mas, apesar de tantos rios, o Brasil vem perdendo sua vocação para navegar pelas águas. Pode perceber: se você pretende ir para qualquer lugar mais distante, pensa imediatamente em carro, ônibus ou avião. Está ?na hora de retomarmos nossa vocação fluvial. Afinal, rio é o que não falta.


Ilha de Marajó

A maior ilha fluviomarinha do mundo está localizada na foz do Rio Amazonas, no Pará: A Ilha de Marajó

Quase metade dos estados brasileiros foi batizada em referência às águas que os cercam.
Acre Vem de aquiri, nome indígena de um rio local.
Alagoas Uma referência aos lagos e rios característicos do litoral alagoano.
Bahia Devido à Baía de Todos os Santos.
Maranhão Uma hipótese é ser de origem tupi: mbarã-nhana, ou rio que corre.
Pará Do tupi pa ra, que significa mar.
Paraíba Junção dos termos pa ra e a iba: rio ruim, impraticável à navegação.
Paraná Pa ra, rio; e nã, semelhante: rio grande, semelhante ao mar.
Pernambuco Para nã (rio caudaloso) e pu ka (rebentar, furar): "buraco no mar", em referência à junção dos rios Beberibe e Capibaribe.
Rio de Janeiro Ao descobrir a Baía de Guanabara, os portugueses pensaram tratar-se de um rio. Era mês de janeiro.
Rio Grande do Norte Pelo tamanho do rio Potengi.
Rio Grande do Sul Era chamado inicialmente de Rio Grande de São Pedro, devido ao canal que liga a Lagoa dos Patos ao oceano.
Sergipe Do tupi, rio dos siris.

Na Amazônia, rio é estrada

A Amazônia ainda é um lugar no qual as estradas não tomaram o lugar da navegação. Há mais de 20 mil quilômetros de rios navegáveis na região. Boa parte das cidades só pode ser alcançada pelas águas. A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo. Suas matas cobrem oito países sul-americanos, mas a maior parte fica em território brasileiro. E, apesar da constante devastação, ainda possui mais da metade das florestas tropicais do planeta.

O nome Amazonas surgiu de uma tribo só de mulheres, as valentes índias amazonas. Elas eram guerreiras e craques no arco e flecha. E não estavam nem aí para os homens. Dizem que só os viam uma vez por ano para gerar filhos. Se nascesse menino, ficava com os pais; se fosse menina, seria mais uma guerreira para a tribo.

Os números da floresta são impressionantes. A área total corresponde a 45% do território brasileiro e reúne 25% das espécies do planeta. A qualquer momento, o visitante pode topar com uma onça pintada, um colorido tucano ou alguma espécie exótica de macaco. E olha isso: há mais espécies vegetais em apenas um hectare de determinadas regiões amazônicas do que em toda a Europa.

Toda esta riqueza natural merece e deve ser cuidada e preservada.


Rio Capibaribe - Recife - Pernambuco

Como está a situação de nossos rios hoje?
Hoje, mais de 17 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável, apesar do Brasil concentrar em torno de 12% da água doce do mundo disponível em rios. Boa parte da água no Brasil, principalmente nas áreas densamente povoadas, sofrem com os processos de urbanização, industrialização e produção agrícola, que são incentivados mas pouco estruturados.

A cidade de São Paulo, por exemplo, embora nascida na confluência de vários rios, tem que captar água em bacias distantes, uma vez a poluição tornou imprestável para consumo as fontes próximas.

De acordo com o Programa das Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), "a quantidade de água suja significa que mais pessoas morrem hoje por causa da água poluída e contaminada do que por todas as formas de violência, inclusive as guerras".

Em um relatório intitulado "Água Doente", o PNUMA afirma que a falta de água limpa mata 1,8 milhão de crianças com menos de cinco anos de idade anualmente.

De um modo geral, a qualidade das águas no País é boa - 9% foi considerada ótima e 70%, boa - com a ressalva de que boa parte dos rios do Centro-Oeste, Norte e sertão do Nordeste não foi avaliada. Ainda assim, 7% das águas foram consideradas péssimas ou ruins e 14%, regulares.

Esses rios concentram-se justamente nas áreas mais povoadas do País, caso da Bacia do Alto Tietê e das bacias do Gravataí e do Sinos, rios que abastecem a região metropolitana de Porto Alegre.

São situações reversíveis, mas o caso é que, apesar de haver algum tratamento do esgoto despejado nessas águas, não é uma prática universal. Seria necessário muito mais investimento, diz João Conejo, superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos da ANA.

Atualmente, apenas 47% da população tem esgoto coletado. Desses, 53% são jogados nos rios sem qualquer tratamento, contribuindo para a poluição. As zonas metropolitanas de São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Vitória são as que estão hoje em situação mais preocupante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fontes:http://forum.hardmob.com.br
http://www.gestaopublicainterativa.com.br/
http://www.almanaquebrasil.com.br

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